domingo, 25 de setembro de 2011

SEMPRE TIMÃO!


O assunto hoje é Timão. Isso mesmo. Corinthians!

Eu sempre falei que era CORINTIANA, mas parece que as pessoas nunca prestaram muito atenção nisso. Enfim...

Na verdade, sempre, é uma mentira, pois o Corinthians entrou de fato na minha vida, em 1998. Até então futebol, era uma coisa distante, mesmo porque cresci ouvindo que algumas coisas eram exclusivas do universo masculino e o futebol era uma delas.

Desde muito pequena eu sempre fiquei intrigada com o processo da escolha do time. Ficava pensando: como alg
uém escolhe um time de futebol e como isso se torna uma paixão na vida do sujeito?. Não entendia muito bem tudo isso.

Minha mãe se dizia corintiana, mas no fundo acho que ela nem sabia que um time de futebol conta com 11 jogadores em campo...rs. Posso até estar engana, afinal, min
ha mãe se foi há uns 15 anos e eu pouco sabia dela.

Por outro lado, toda a minha família materna era são-paulina. Meu bisavô era doente pelo time do Morumbi. Eu me lembro dele velhinho tendo que dar uns perdidos na bisa para poder ir ao jogo....rs. Meu pai também é Bambi. Fazer o que, né? Não me esqueço da imagem dele assistindo ao jogo e a cada lance perdido o bicho ficava louco a ponto de socar a cabeça na parede. Confesso que essa não era uma boa imagem para uma criança e me deixou assustada. Não conseguia entender como um troço que era para divertir fazia o cara ficar assim, tão transtornado. Hoje eu entendo....rs.

Não vou negar que via as pessoas torcendo pelos seus times e me imaginava em cada um desses clubes para tentar sentir alguma coisa parecida com o que eles sentiam, mas nada.

Bom, a vida foi passando e eu fui crescendo sem me decidir. Mas no fundo, depois eu descobri, o Corinthians foi sempre o nome que de fato me agradou...rs.

O nosso encontro (Maka e Corinthians), aconteceu mesmo em 1998. No final de
1997 eu fui trabalhar no Clube Paineiras do Morumby como coordenadora dos eventos sociais. Cheguei para produzir o réveillon 97/98 e fui ficando. Mal acabou a produção da festa de fim de ano e já pensávamos no carnaval. O clube tem uma tradição de oferecer aos sócios uma feijoada carnavalesca um sábado antes do carnaval. E foi lá, na feijoada de 1998 que tudo mudou.


Começaram então as discussões para saber qual bateria animaria a festa. Eu de
cara soltei: Gaviões da Fiel. Lógico, não poderia ser outra. Os demais membros do setor sugeriram outras escolas, mas bati o pé até o final. Como em todo evento, naquele também era preciso apresentar três propostas para a diretoria do clube.

Confesso que nem me lembro quais eram as duas outras opções. Só pensava na Gaviões n
ão via a festa sem a presença deles. Pois bem. Negociei, chorei, implorei e consegui fazer do orçamento da Gaviões o melhor. Além disso, eu tinha outro fator muito importante a meu favor: o presidente do clube na época era corintiano rooooxo.

Durante todo o processo de negociação com a escola eu brincava com eles dizendo: olha, eu quero muito vocês na festa, estou batalhando muito para isso, mas não vão achando que sou corintiana, viu?...rs.

Nos falávamos tanto que quando chegou o dia da festa já
estava “intima” do povo. O cara que negociou o tempo todo comigo, que é obvio, eu já não me recordo o nome, um dia me disse:

- então você não é corintiana. Torce para quem?
- sou são-paulina
- é nada, não senti emoção na sua voz ao falar o nome do seu time
- sou sim
- não. Não é não. Você é corintiana.
- Não sou não.
- é sim, mas você precisa descobrir isso dentro de você e eu vou te ajudar.
- como?
- este ano você vai para a avenida com a gente.
- o que?
- isso, você vai sair na ala de convidados da escola. Será minha convidada.(fiquei louca, meus olhos brilhavam do outro lado da linha)
- Nossa, que legal, obrigada. Vou sim, mas só para não te fazer uma desfeita, afinal, vo
cê muito gentil.
- Hã, hã...

Os dias se passaram, o nosso evento aconteceu e foi um sucesso. Arrumei um convite para o meu pai e um primo corintiano fanático. Eles enlouqueceram com o ziriguidum da Fiel. Até meu pai ficou alucinado e não poderia ser diferente.

Um dia antes do desfile da Gaviões, chegava na minha casa
duas camisetas-convite. Não acreditei que o cara realmente estava falando sério. Confesso que não tinha botado uma fé naquele papo, tanto que não chamei ninguém para ir comigo. Com as camisetas nas mãos fui atrás de um corintiano para me acompanhar no evento. Não iria encarar o desafio sozinha, nem ferrando.

Depois de algumas ligações finalmente consegui. Lógico que não em lembro do nome do sujeito. Ele era um cara que trabalha com a gente nos eventos, principalmente nos freelas que fazia por ai (antes do Paineiras trabalhava como freelancer
na produção de shows e eventos e a cada novo evento geralmente era a mesma equipe, salvo quando alguém já estava amarrado em outro projeto).

A Gaviões entrava na avenida na manhã do dia do desfile, que se não estiver louc
a foi sábado. O cara veio me buscar e seguimos para a quadra da escola. Não sei explicar o que fato eu estava sentindo. Era um misto de excitação e medo que me enlouquecia, afinal, não era só meu primeiro encontro com o Corinthians, era também a minha primeira vez na avenida do samba.

Tudo bem, minha alma é roqueira, mas como não se envolver, como não se emocionar quando se está prestes a desfilar pela Gaviões da Fiel? Impossível!

Chegamos na quadra da escola e eu estava a mil, mara
vilhada com tudo aquilo. Foi a primeira vez que senti de perto o amor e devoção corintiana...inexplicável.

Os organizadores estavam enlouquecidos, pois uma das fantasias foi feita fora de São Paulo e a entrega estava muito atrasada. Estávamos a poucas horas do desfile e uma ala inteira sem fantasia. Isso trouxe sérios problemas para a escola que acabou em quinto lugar.

Enquanto não chegava a hora da escola entrar eu e meu amigo ficamos lá, tomando uma cervejinha, assistindo os últimos preparativos. O povo tava enlouquecido, a gente via na cara das pessoas a aflição pela escola. Demais. Envolvente. Comovente.

Finalmente chega a hora de encarar a avenida e a nação corintiana. Fomos para o Anhembi num dos ônibus cedidos pela prefeitura de São Paulo dividindo o espaço com um povo apaixonado dedicado. No caminho um pequeno ensaio. Fomos contando o samba-enredo “Corinthians Meu Mundo É Você”. Inesquecível.

Chegamos no Anhembi. Hora de acertar os últimos detalhes. A nação corintiana aflita por conta das fantasias trazia estampado no rosto que nada, absolutamente nada os faria fraquejar. Nada faria com eles entregassem os pontos. Seria assim, com luta, com raça até o final, caso contrário não seria Corinthians.

A escola posicionada é hora de desfilar. Como estávamos na ala de convidados, seriamos os últimos a entrar na avenida. O que foi maravilhoso, pois a bateria saiu do recuo e seguiu na avenida atrás de nós para deixar a passarela do samba.

Não tinha idéia que todos os componentes precisam estar com o
samba na ponta da língua, pois isso conta ponto para escola.


Com todo o sufoco que eles estavam passando, tratei de decorar o samba em cinco minutos, afinal era o pouco que podia fazer para ajudar. A letra era fácil, a batida contagiante, a devoção ao time e a escola encantadora e eu, sem perceber, já sofria e vibrava como uma corintiana.


Chegou a hora de encarar a avenida e a nação corintiana. Nossa ala entra e eu começo a chorar. Não consegui conter as lágrimas. Também não consigo explicar o que senti. O dia já estava claro, o povo cansado, mas parecia que todos tinham acabado de acordar, tamanha a disposição e a vibração.

Com o samba na ponta da língua eu cantei, chorei e me emocionei. Olhava para a galera que assistia ao desfile e não acreditava que aquilo estava acontecendo comigo. Olhava para os lados e vibrava. Foi um momento uúnico na minha, não tenho duvidas disso. Mas o melhor ainda estava por vir. A hora de buscar a bateria. Jesuuuuuuuus, o que foi aquilo?

Passamos pelo recuo e ela nos seguiu para deixar a avenida. Tem noção o que foi desfilar na Gaviões da Fiel e ter atrás de você a bateria da escola? Não, não tem não. Não tem porque eu que vivi isso ainda não tenho.

Sai da avenida aos prantos. Com a emoção e a adrenalina a flor da pele. Olhava para tudo aquilo e dizia: é isso que eu quero para mim. Quero fazer parte disso, Corinthians!

Fui para casa em êxtase total e com a certeza de que o moço da escola estava certo: eu sempre fui corintiana, só precisava descobrir e isso aconteceu em pleno desfile da Gaviões da Fiel. Foi ali que eu descobri que sou uma corintiana nata. Depois disso foi sempre Corinthians.

Depois do episódio com a bateria da Gaviões, ainda trabalhando no Paineiras, eu comecei a namorar um cara do clube que era corintiano fanático, mas nem ia aos jogos com ele. Ele era mega machista, um saco. Então acabei descobrindo um amigo, o Normet, que também era alucinado pelo Timão e começamos ir aos jogos juntos.

Fomos durante muito tempo, até que ele saiu do clube e nós perdermos o contato. Depois disso a minha vida acabou tomando um rumo diferente e aos poucos e sem perceber fui deixando de lado muitas coisas que amava, o Corinthians foi uma delas. O rock and roll quase teve o mesmo fim, mas por sorte nos mantivemos juntos.

Recentemente descobri que o futebol é uma paixão na vida de alguns colegas de trabalho. Eu os ouvia falando sobre o assunto, comentando que foram no jogo tal, que vão no outro e aquilo começou a mexer comigo. Tentei algumas vezes ir com eles, mas não deu certo. Tenho para mim que eles acreditavam que eu nunca tinha ido ao estádio e queria fazer graça (rs). Até que uma amiga me chamou para ir com ela e o marido assistir o jogo do Corinthians X Flamengo, no ultimo dia 08 de setembro. Topei na hora. Queria reviver tudo isso.

Já comecei a alucinar no caminho. Íamos sair da TV pegar um taxi para ir para o Pacaembu encontrar o marido dela que ia direto. Mas tudo foi diferente do planejado, pois um amigo, que ama o Coringão, resolveu ir com a gente. Com isso, sai taxi e entra caminhada e busão. Sensacional. Depois de anos, não poderia voltar ao estádio de manei
ra tão especial.

Fomos até a metade do caminho a pé. De lá pegamos um ônibus até a Praça Charles Miller. Foi demais. A caminha não só me lembrou os tempos de jogos, mas os muitos shows de rock que assisti nessa pegada no Pacaembu.

Nem sei se eles perceberam, mas fui calada praticamente todo o trajeto. Eram muitas lembranças vindo à tona. Era como se eu assistisse a um filme da minha vida. Foi uma redescoberta de sentimentos e paixões que ficaram adormecidas por um tempo.

Chegar ao estádio e ver todas aquelas pessoas vestidas de Corinthians juntas num único objetivo, foi algo arrepiante. Ali eu senti que nunca mais ia me privar disso.

Entramos e eu parecia uma criança, mas tentei disfarçar. Lógico...rs. Porem, no gol Corinthias a emoção tomou conta, os olhos brilharam. Saímos vitoriosos e eu com a certeza de que nunca mais perderia um jogo, tanto que fomos à partida contra o Santos e hoje estava lá, vendo o meu Timão jogar contra o Bahia e mais uma vez sair vitorioso. Um resultado que mostrou a todos que estamos na briga!

Estar no estádio é um momento mágico. Sentir a vibração da torcida que se manifesta a cada jogada, que levanta o time através do coro é maravilhoso. Faz bem para a alma. Sem contar a emoção no momento do gol, meu Deus, é demais! Saio de lá leve, renovada e sobretudo feliz, principalmente quando o resultado é favorável ao timão, lógico! É tão bom quanto estar no show da banda do coração.

Para encerrar este post, lógico, vamos com o samba-enrredo de 1998, o ano que fez toda a diferença!